segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Mais uma denúncia contra o Prefeito; mais uma vez, denúncia é rejeitada pela maioria dos vereadores

Pode parecer pouca coisa, mas impedir os vereadores de fazer a fiscalização não é pouca coisa! Quando o Prefeito toma a decisão política de não responder aos pedidos de informações dos vereadores, especialmente aqueles pedidos discutidos e aprovados por todos ou pela maioria dos vereadores, o Prefeito está impedindo a fiscalização. É uma forma nada honesta, e muito menos transparente de lidar com o Poder Legislativo, legitimamente instituído. Essa tem sido a prática do Governo Tunico Brandão (PSDB) desde o início de seu mandato. Não fornecendo informações, impede a fiscalização e impede, por consequência, que os vereadores apontem desvios ou indícios de corrupção que poderia ser interrompida.
Dois desses Requerimentos aprovados cobravam informações sobre a COPASA. Requeriam ao Prefeito que informasse as razões pelas quais a Administração não cumpria leis referentes à empresa, como a que acabou a com a Taxa de Esgoto em Brumadinho, por exemplo. E porque não era iniciada a construção da Estação de Tratamento de Esgoto – ETE – ou por que o Governo Municipal não cobrava da empresa o fornecimento de água para todo o Município, como Casa Branca, Tejuco e Aranha. Apenas sobre a COPASA, por exemplo, foram aprovados pedidos de informações duas vezes, sendo uma delas em 27/2/14 e outra em 14/8/14, ambos sem resposta. Sobre Folha de Pagamento dos servidores, foram aprovados vários Requerimentos como em 21/2/13, 13/2/14, 14/8/14, 9/10/14, todos sem resposta.

Atitude do Prefeito

O Prefeito poderia, legitimamente, articular os vereadores que ele tem sob seu domínio - a grande maioria – para impedir a aprovação dos Requerimentos de informações. Mas o Governo sempre optou por outro caminho: deixar os Requerimentos serem aprovados e não prestar informações. Ao optar pelo desrespeito às leis, municipais e federais, o Prefeito optou pelo caminho da prepotência, de achar que podia desrespeitar os Vereadores legitimamente eleitos pelo povo de Brumadinho. Assim, optou também por correr o risco de ser processado. Ou de enfrentar denúncias, uma após a outra. É o que começou a acontecer, depois de quase dois anos de paciência dos outros atores políticos e de vereadores não-alinhados.     

Mais uma denúncia

Na última sessão do Plenário da Câmara Municipal, 12 de dezembro, os vereadores voltaram a discutir outra denúncia contra o Prefeito Municipal, Tunico Brandão (PSDB).  “Votaram a discutir” é modo de falar, porque, a bem da verdade, apenas alguns vereadores se manifestaram, a maioria, que votou contra, apenas se calou e votou contra, sem nenhuma explicação, sem nenhum argumento. Pela segunda vez em duas semanas, a Câmara Municipal arquivou duas denúncias contra o Prefeito, a primeira em 27 de novembro.
Desta vez, a denúncia fora feita pela vereadora Alessandra Cristina (PPS). A vereadora acusava o Prefeito de se recusar a prestar informações à Câmara, pedidos votados e aprovados pelo Plenário da Câmara Municipal por todos os vereadores – inclusive os que são aliados incondicionais do Prefeito. À denúncia foram anexados vários documentos, entre eles o Ofício nº 065/2014, enviado ao Prefeito em 8 de abril de 2014, em que a Presidente da Casa Legislativa reiterava “solicitação de resposta” a nada menos do que 28 Requerimentos não respondidos. E lembrava ao Chefe do Poder Executivo que a recusa de prestar informações à Câmara poderia acarretar “crime de responsabilidade e infração político-administrativa”, nos termos do art. 69 da Lei Orgânica de Brumadinho, que trata do assunto.
Alessandra Cristina lembrou, no texto de sua denúncia, que, nos termos da Lei Orgânica, ao não responder os Requerimentos no prazo de 15 dias, o Prefeito incorreu “em crime de responsabilidade de acordo com o Decreto-lei 201/67.” 
A vereadora frisou que o art. 4º do decreto 201, Inc. III, determina que é infração político-administrativa por parte do Prefeito “desatender, sem motivo justo, as convocações e os pedidos de informações da Câmara Municipal quando feitos a tempo e em forma regular”, como foi o caso dos inúmeros Requerimentos aprovados pelo Plenário do Legislativo. A Vereadora requereu a formação da Comissão Processante contra o Prefeito.

Reinaldo do PT vota a favor das denúncias

Desta vez, o Executivo não mobilizou os servidores para pressionarem os vereadores, certamente por se sentir seguro com os 8 vereadores que tem em suas mãos: Ninho, eleito pelo Prefeito como Presidente da Câmara; os suplentes Ronaldo do Tejuco (PTB) e Itamar Franco (PSDB); Vanderlei Xodó (SDD), que trabalha na Prefeitura e recebe, além do salário, gratificação de função; Aurélio do Pio (cujo partido, PDT, ocupa Secretaria de Governo); Helbert Firmino Pena, o Betinho (PROS) e Herbert Romaris Ricci, o Cuecão (PV), ambos eleitos para a Mesa Diretora na chapa do Prefeito; e ainda Daniel Crentinho (SDD).
No entanto, o Prefeito mandou um enviado, o pregoeiro Mauro Fernandes, que usou a Tribuna para falar sobre as denúncias, usando, inclusive, palavras de baixo calão, como “uma ova”.
Já o vereador Reinaldo Fernandes (PT) refutou cada argumento levantado pela defesa do Prefeito, sem ser contestado por nenhum dos aliados de Brandão, que permaneceram calados, inclusive o “líder do governo”, Itamar Franco. Reinaldo disse que o Executivo deveria era explicar para a população as gratificações suspeitas, as horas extras suspeitas, o pagamento de um “prêmio” que não encontra respaldo legal nas leis municipais, e ainda não o fizera, um mês depois que as denúncias foram feitas à Câmara e ao Ministério Público.
“Aceito a denúncia porque a acusação é simplesmente verdadeira. O Prefeito não respondeu a dezenas de Requerimentos do Plenário conforme está nos anais desta Casa e do próprio Ministério Público. E nossa legislação é clara: constitui-se infração político-administrativa impedir a fiscalização e o impedimento ao regular trabalho da Câmara”, declarou o vereador petista depois de seu voto a favor.

Também votaram a favor os vereadores Lucas Machado (PV), Renata Parreiras (PSB) e Hideraldo Santana (PSC), impedida a vereadora Alessandra Cristina.   

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